VILMA SLOMP

art & power in the PR

art & power in the Paraná

  Since she started photographing for newspapers and magazine, it was through portrait pictures that helped identify a challenge and possibility to create. Her work began in the early 80's and was presented in 2014 at the Portfolio Gallery in Curitiba. Those portrayed are some of the characters who stood out in the different arts and politics of Paraná.

literature Alice Ruiz, Cristovão Tezza, Domingos Pelegrini, Helena Kolody, Jamil Snege, Laurentino Gomes, Luís Felipe Leprevost, Paulo Leminski, Valêncio Xavier, Wilson Bueno

music Airton Moreira, Norton Morozowicz, Saul Trumpet, Waltel White

cinema Claudia da Natividade and Marcos Jorge, Sergio Bianchi, Sylvio Bach

theater & performance Denise Stoklos, Efigênia, Emilio Pita, Hélio Leites, Lala Schneider, Luís Melo

photography Daniel Katz, João Urban, Orlando Azevedo, Zig Koch

visual arts Carlos Eduardo Zimmermann, Eliane Prolik, Francisco Faria, Guita Soifer, Mohamed, Poty Lazaroto, Raúl Cruz, Rogério Dias, Tony Camargo

critical text

Desarmados - José Carlos Fernandes, jornalista

   “Onde eu coloco a mão?”, devem ter perguntado os artistas e políticos retratados por Vilma Slomp. Se assim foi, sabe-se lá o que ela respondeu. O fato é que dois ou três parecem ter preferido ignorar esse detalhe. Os outros seguem as diretrizes deixadas um dia pela nossa Carmen Miranda: põem os braços e as mãos para funcionar. É como se soubessem que desse movimento digamos, existencial, depende a veracidade do retrato. Cabeça, tronco, membros e alma são tirados para dançar.

Tudo a ver. Do muito que já se falou sobre o portrait – gênero que fascina, sei lá, desde o dia em que Félix Nadar teve a sorte grande de fotografar Sarah Bernhardt – fica sempre uma certeza: é o tal do falso fácil. Muito fotógrafo voltou para casa, máquina a tiracolo, cabeça baixa, porque o personagem não se deu, não soltou a musculatura, pôs-se em máscaras. É que nem namoro – precisa de química, seguido de alquimia e daquela altíssima dose de humanidade, sem a qual o que sobra é maneirismo e tédio. Vilma se safa dessa cilada. Seus eleitos não lhe negam as mãos e o rosto. Estão para o que der e vier. Ela consegue a chama e a seiva. Não é de hoje.

   Ponha-se na conta que a série Arte & Poder no PR começou a se desenhar há, por baixo, 30 anos – tempo o bastante para uma pá de mudanças no Calçadão da XV e em toda a órbita da Terra. Em três estalos, o mundo envelheceu sem pedir licença. A galeria Slomp, não. Tem inclusive seus clássicos: a cabeleira branca de Sylvio Back – nunca mais olhamos para ele sem enxergá-lo como que saído de um filme noir –; Waltel Branco em pessoa; Denise Stoklos em ebulição; e a cabeça de Alice Ruiz sobre os livros, como se tivesse sido visitada pela Rainha Vermelha. Como disse Agnaldo Farias anos atrás, a Vilma descobriu que fotografia é ilusão. Brindemos.

   Primeiro por ser ela uma filha de Eva, tradutora dos desejos do mulherio, seu legado e coisa e tal. Segundo, por seus respeitáveis retratos, plano B. De tão sortidos, pedem uma teoria: cada foto de Slomp é uma biografia compacta, uma vida de bolso, um depoimento em cápsula. Os fotografados não lhe atiram migalhas – dão-lhe o ouro provado no fogo.

Repare. Poty Lazzarotto, Guita Soifer estão ali como vieram ao mundo – a seco. Nada mais difícil de ganhar. Valêncio Xavier no fundo de uma piscina sem água – remete a Clarice Lispector e ao vazio. [silêncio para o conceito] Mas cá entre nós, soa engraçado. Vilma sabe que o retrato é como a conversa, exige uma paixão infinita. Cabe humor, cabe. Hipótese: o riso serve para desarmar, deixando as mãos livres para modelar o próprio rosto, pondo à mostra o barro do qual cada um é feito. Simples. Eis o ponto.

 

José Carlos Fernandes

 VILMA SLOMP
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